Li há alguns meses O dia em que comemos Maria Dulce, livro de contos de Antonio Mariano, escritor paraibano que transita entre vários gêneros, especialmente poesia e conto. Minha edição foi digital, adquirida pela Amazon e lida no Kindle. A prosa é fluida e tem momentos de poeticidade concreta, minha preferida, a lembrar as coisas de João Cabral de Melo Neto. As narrativas curtas tocam-se aqui e ali, embora não constituam um encadeamento linear. A personagem Jaílson é a que parece mais relevante, e flashes de sua vida e de suas relações aparecem ao longo da obra, porém um conto independe da leitura do outro. É uma literatura de clima, de atmosfera, de ambiência, que me pareceu muito compatível com a contemporaneidade, meio absurda, meio cotidiana, ao mesmo tempo prosaica, rasteira e irracional. Minha cotação: ***.
Trechos selecionados:
"A bondade da velha era urtiga em carne viva. Sal grosso na pele esfolada."
"Brincar me trazia a ilusão, ainda que momentânea, da felicidade."
"Ele que nunca foi de muito papo, evitava como podia o pote da comunicação."
"O Sol, como uma laranja imensa, quer nascer para todos. Conseguirá? Indiferente a tudo, porém, ele vai se elevando aos poucos, puxado por trás da parede do tempo."
"A fruta de fogo despertando a cidade com seu grito de luz e calor. Surpresa alguma. A aurora cai, de vez e já apodrecida, no colo magro na manhã que nasce."
Passando para prestigiar o blogue e agradecer a leitura de meu livro de contos. Meu abraço e sucesso.
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