13/01/2016

Livraria do Luiz

Ontem visitei a Livraria do Luiz, e foi uma redenção. Buscava livros de autores paraibanos, e o melhor lugar para garimpá-los atualmente, na capital do Estado, é lá. O atendimento está diligente, pode-se tomar um espresso São Braz enquanto se folheiam os livros pré-selecionados, e o ambiente parece bem apresentável. Antes ou depois de cavoucar estantes, tem-se a oportunidade de circular pelas calçadas do Centro, de rever as fachadas do Palácio da Redenção, da faculdade de Direito, do Tribunal de Justiça e a mais moderna da Assembleia. Ir lá é também uma forma de homenagear a memória de Augusto dos Anjos, cujo busto preside à entrada da galeria que leva seu nome e abriga a livraria.

Palácio da Redenção e parte da fachada da faculdade de Direito vistos da Praça João Pessoa.



Quando o micróbio bibliófilo se hospedou em meu órgão dos interesses na adolescência, eu costumava ir, com a farda do colégio ensopada e com mochila nas costas, à Livraria do Luiz cascavilhar prateleiras, talento que, modéstia às favas, desenvolvi bem com o tempo. Começou lá. Comprei em Luiz meu primeiro exemplar do "Eu e outras poesias", do paraibano Augusto dos Anjos, e "Seara vermelha", de Jorge Amado. Cruzei muitas vezes com o busto de Augusto dos Anjos.

Já universitário e concursado do IBGE, em fins da década de 2000, visitava a Livraria do Luiz na pausa para o almoço, porém era só desgosto. O velho Luiz, que tinha cabelos brancos e andava devagar quando eu ia lá adolescente, já não habitava o local. Os vendedores não conheciam "best-sellers" nem clássicos. Não sabiam digitar corretamente as palavras, quando pesquisavam livros no sistema informatizado da loja. A morte da livraria seria anunciada em qualquer crônica que se escrevesse sobre ela à época.

Encontrei ontem a Livraria do Luiz, felizmente, bem viva. Resiste, como lugar renovado de memória, como foco de convergência cultural, fora de Shopping Center e da orla rica, mas nem sempre culta, da capital paraibana. A livraria dignifica a galeria Augusto dos Anjos e dialoga bem com a história do poeta, um dos mais reeditados, lidos e recitados da literatura brasileira. Augusto dos Anjos, apesar do que representa para a expressão brasileira, dá nome apenas a uma galeria esquecida no centro da cidade, um vão meio escuro e mal limpo com largura insuficiente para o tráfego de um carro. Apesar disso, resiste pela força de sua obra sobre as mentes de seus leitores. Comprei para meu irmão de 14 anos a obra de Augusto dos Anjos na teimosa e admirável Livraria do Luiz.


Seguem imagens de livros que comprei ontem lá.


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