Estou concentrado esta semana na leitura de Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro. É um livro que estava listado havia tempos, mas cuja leitura, como a de muitos outros que mourejam aqui nas estantes de casa, esperava sem prazo. Lembro o muito que li de elogios e de recomendações sobre esse livro, especialmente de uma rara entrevista em que Marista Monte o incluía entre os seus mais estimados. Finalmente, porque é objeto principal de estudo de uma disciplina que estou cursando como aluno especial no Mestrado em Literatura da UnB, peguei-o.
Sem muito tempo agora, que a madrugada já finda, e eu tive de prolongar a vigília por causa de uma gatinha branca que adotei recentemente para fazer companhia a Homero (o gato ruivo que figura na imagem de fundo do blog), compartilho, antes de deitar, que poucos livros me proporcionaram um prazer tão grande como o que sinto ao correr as páginas de Viva o povo brasileiro. João Ubaldo tem uma prosa finíssima, ao mesmo sofisticada, rebuscada e clara. Alterna magistralmente registros os mais diversos, como frases barrocas à Antonio Vieira e o português malemolente das pessoas escravizadas no Brasil. A paleta de vocabulário dele e a forma certeira como emprega cada termo é sensacional. Prazer semelhante senti talvez com O Romance da Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, e, mais recentemente, com O Evangelho segundo Jesus Cristo, de Saramago.
Não transcrevo agora, porque esta é para ser uma postagem curta, de minutos antes de dormir, mas logo trarei em nova postagem uns quatro trechos que me impressionaram particularmente; tanto, que tenho vontade de relê-los sempre, para o resto da vida.
João Ubaldo: depois de começar a ler Viva o povo brasileiro, quero ser ele! |
Boa semana, com este entusiasmo de ler Viva o povo brasileiro!
* A gatinha a que me referi, escolhida em uma feira de adoção no sábado, aqui em Brasília, chama-se Penélope, em homenagem à personagem da Odisseia. A adaptação entre ela e Homero está em curso, eles estranham-se muito, mas já dá para notar que tendem a ficar próximos, mesmo que ainda não estejam se embolando e dormindo encangados.
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