O perfil no Instagram e o blog onde publico este texto mal completaram um ano. Falta pouco, mas foi muito o que esta experiência em que me lancei trouxe de bom e de novidade à vida.
Gosto da palavra escrita desde o comecinho da adolescência. Palavra me fascina. Acho que ter um instrumento para penetrar no que pensam e sentem outras pessoas e para tentar aproximá-las do que somos, das mais valiosas nuanças do que sentimos, é mesmo algo que se poderia qualificar como divino.
A transmissão sempre será imperfeita, contudo pode-se, mesmo assim, experimentar, por meio das palavras, as delícias envolvidas em viajar para outros eus, em reconhecer fora de si algo que é intimamente familiar, em esquecer um pouco a solidão em que vivemos ilhados e meio condenados. A linguagem propicia a esperança de expandir os limites representados pelas barreiras de nosso eu.
Quando criei o Palavra de Literatura, como está explicado nas postagens iniciais, a ideia era elaborar textos sobre minhas leituras, mas com foco em palavras que chamei "de literatura", porque são incomuns, de uso pouco corrente. Essas palavras têm talento para perturbar nosso automatismo de cada dia, remexem com pensamentos e com sentimentos acomodados, talvez desorganizem uma ordem interna de marasmo e de enfado. Algo novo acontece em mim, quando deparo com uma palavra de literatura. A ideia do IG e do blog, em primeiro lugar, era salvar esses momentos luminosos e, além disso, deixá-los à disposição de quem se pudesse sentir tocado por eles comigo.
O foco das postagens expandiu-se, e boa parte dos textos virou resenhas e diários de leitura. Para mim, sem problemas. A coisa toma a forma que precisa. O que eu não poderia imaginar era que, menos de um ano depois, conheceria tanta gente de lugares geográficos tão distantes, todavia de locais afetivos e intelectuais tão próximos. Se a internet está aí, que sirva para coisas tão boas como está sendo aproximar-me de pessoas que me deem ânimo para explorar paixões, para tocar projetos criativos, para travar contato com o novo.
Neste final de ano, com um grupo inimaginável de mulheres sensacionais, de que faço parte, orgulhoso, como o único representante dos indivíduos com cromossomo Y, serei o amigo secreto literário de uma delas. A preparação para essa troca tradicional em finais de ano está ensejando um diálogo intenso em canais como WhatsApp, Facebook e, origem de tudo, Instagram. Trocamos experiências de leitura, algo de que sinto muita falta na vida fora das redes sociais eletrônicas, e dicas sobre arte, sobre comunicação, e até sobre como assediar o tímido, admirado e charmoso escritor Daniel Galera.
Tudo que me aconteceu, até o presente, por conta do Palavra de Literatura, foi especial demais e consta da prateleira de dádivas de minha vida. Muito de intenso e até doloroso, outro tanto de inesperado e de apaziguador, tudo boa matéria-prima de vida.
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