09/02/2017

Resenha-parágrafo - "Azul corvo", de Adriana Lisboa

Uma jovem adulta de seus 22 anos narra como, após a morte da mãe, partiu do Rio de Janeiro para os Estados Unidos, aos 13 anos, em busca do pai desconhecido, e, ao mesmo tempo que resgatava sua memória familiar, tomava conhecimento do passado de seu país no período sombrio da ditadura instalada em 1964. Em mais uma obra em que a morte de alguém próximo e o luto dela decorrente ensejam uma viagem que problematiza identidades - como em Rakushisha e em Hanói -, Adriana Lisboa engendra uma trama com lirismo comedido, com personagens cativantes e com reverberações de sentido que se perdem no horizonte mental do leitor. As partes que tratam da guerrilha do Araguaia são reveladas ao leitor pelo contato que a narradora travou com as memórias de seu pai oficial, Fernando, em cuja casa ela vai morar nos Estados Unidos. A perda da mãe, bem como a busca e o encontro com as figuras paternas podem ser lidas também como metáforas da forma como a sociedade brasileira se relaciona com a memória desse período sombrio de nossa história nacional.

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