O Palavra de Literatura completou um ano em janeiro de 2016. Nesse período, os frutos principais do projeto não foram aqueles que eu almejava quando o iniciei. Em postagem anterior, já mencionei uma série de pessoas que conheci por intermédio dessa presença virtual regular em torno dos livros. No último fim de semana, estive em São Paulo para o festival Lollapalooza, e, na ocasião, pude encontrar pessoalmente duas dessas pessoas.
Um dos primeiros contatos que fiz pelo blog foi com Marcela Yoneda, cujo blog indiquei aqui no passado, em virtude das crônicas deliciosas que ela publica. Trocamos e-mails e fomos nos aproximando pelas redes sociais. A troca de palavras não foi sempre constante, mas, até pelo contato que Mar estabeleceu comigo ao saber que eu iria a São Paulo, confirma-se que são mútuos o carinho, a admiração e uma intuição de que somos almas que vibram em sintonia, em frequências muito afins.
Combinamos de nos dar "oi" na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o templo-mor dos bibliófilos nacionais, na Avenida Paulista. Eu já havia acertado de encontrar lá também Thais Vitale, que toca o perfil Literatura News no Instagram. Quando estava lá fuçando estantes e, alternadamente, procurando uma das duas, dei de cara com Marcela me dirigindo um olhar hesitante, com seu jeito de Amélie Poulain. Depois de uns segundos de olhares congelados aguardando um sinal de reconhecimento, aproximamo-nos e começou a celebração. Poucos minutos depois, Thais agregou-se a nós, e assunto não faltou.
Marcela, como havia me prevenido, não pôde passar mais do que um quarto de hora com a gente. Os três tomamos café na Livraria Cultura mesmo, sem momentos de silêncio, até que ficamos desfalcados da cronista com ares de Amélie, meio ágil, meio lírica, meio coelho de Alice indo embora porque era tarde. Marcela que me desculpe se estou passando dos limites, mas ela também dá a sensação de ser um passarinho ainda pouco crescido que a gente quer proteger na curva da mão, mas sai voando para reaparecer três dias depois. Eu quero um livro de crônicas de Marcela autografado em minhas mãos e diante de meus olhos quanto antes!
Thais e eu continuamos lá. Ela foi mais prevenida que eu. Levou-me de presente um livro de Valter Hugo Mãe sobre uma personagem que quer ser pai, O filho de mil homens. Teve o cuidado de checar o perfil do Palavra de Literatura no Instagram, para reduzir a probabilidade de dar-me um exemplar repetido. Eu pretendia também comprar um presente livresco para ela, mas não fui tão previdente, para minha vergonha. Levei no bolso um marcador que comprei, um dia antes, no MASP, com reprodução de uma obra de Monet, e planejava entregá-lo dentro do livro de presente. Não deixaria, porém, de suprir minha vontade de dar-lhe uma lembrança e de retribuir a gentileza e comprei a edição de contos de Tchekhov da CosacNaify para ela. Trocamos dedicatórias e conversamos, conversamos, conversamos, até que meu namorado chegou para me convocar de volta para a programação regular da viagem.
Eis a vida em sua manifestação mais vibrante: o encontro de pessoas, a troca de gentilezas, o intercâmbio de bons afetos, a mitigação da solidão no mundo, tudo isso inesperado, como encontrar uma fotografia da infância dentro de um livro há muito escondido na prateleira.
kkkkkkkkkkkkkkkkk Ótimas colocações!
ResponderExcluirFoi uma delícia ter conhecido você e a Thais Vitale "in flesh and bone". Encantadores.
Não conseguiria expressar melhor o momento do que você no:
“Eis a vida em sua manifestação mais vibrante: o encontro de pessoas, a troca de gentilezas, o intercâmbio de bons afetos, a mitigação da solidão no mundo, tudo isso inesperado, como encontrar uma fotografia da infância dentro de um livro há muito escondido na prateleira.”
Penso que a sensação de velhos amigos que se encontram depois de longo tempo separados foi comum aos três. Gostosura!
Ah! E acolho com carinho todas as suas impressões a meu respeito! Gostei muito!
Claro que fiquei pensando... Se eu tivesse ficado mais um quarto de hora... Talvez eu te fizesse lembrar um chocante pingo de Tarantino; uma cor de Almodóvar, a própria Alice, uma lebre desengonçada e outras “coisas”, no mínimo, esquisitas... ahahahah Acho que o passarinho permaneceria.
Sempre que for possível, proponho que nos reunamos para celebrar “a vida em sua manifestação mais vibrante”!
Porque os gritos permanecem no meu coração: Quero maaais! Quero maaais! Quero muito maaais!
Bjs