Além de A menina sem estrela, está em marcha uma leitura não-literária, 18 dias, do especialista em Política Internacional e colunista da Folha de de São Paulo Matias Spektor. O autor é um dos mais respeitados comentaristas de assuntos internacionais no Brasil. Além dele, estão entre os mais monitorados analistas Sérgio Leo, do Valor Econômico, talvez Clovis Rossi, também da Folha, Oliver Stuenkel, que mantém um blog e ensina Relações Internacionais na FGV, e Dawisson Belém Lopes, que, se não me engano, tem coluna no Estadão.
A ideia de 18 dias é bem interessante: explicitar como, nos bastidores, dois Presidentes hoje icônicos da história da nova República brasileira cooperaram, a fim de reduzir os custos de uma transição de poder para o país, por meio da construção de confiança junto ao Governo estadunidense.
O autor organiza os capítulos em dias, como sugere o título. Cada um corresponde a um dia subsequente à eleição de Lula para a sucessão de Fernando Henrique Cardoso, entre outubro e novembro de 2002. A época era de grandes incertezas, seja pelas dúvidas relacionadas à ascensão de um esquerdista à Presidência, no âmbito doméstico, seja pelas mudanças drásticas ocorridas nas relações internacionais posteriormente ao 11 de setembro de 2001.
Spektor inicia as seções com o relato sobre o dia, porém aproveita algum gancho, para desenvolver algum tema específico que predomina, até retornar, no final do bloco, ao formato de diário. Por exemplo, o dia 5 é majoritariamente sobre os desafios econômicos do país, tanto dentro quanto fora das fronteiras; o dia 6 sumariza como estava o Brasil quanto à agenda de direitos humanos internacional, por ocasião da mudança de Governo; o dia 8 é dedicado a expor os desafios e as conquistas do Governo que terminava, o de FHC, no que se refere às relações bilaterais com os Estados Unidos. E por aí vai.
Estou na metade do livro, e o que posso dizer é que consegue, até o ponto em que estou, o que todo livro de não-ficção deveria fazer idealmente: ter estrutura interessante e apresentar argumentos sólidos e bem fundamentados em linguagem cristalina. Normalmente, o que se ganha em clareza se perde em consistência e em densidade, porém esse não é o caso de 18 dias, até a metade.
Voltarei em breve, com mais impressões.
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