01/02/2016

"Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban" - diário de leitura 2

Estou perto de 70% da leitura de Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban. Incorporando o espírito do "Projeto Plataforma 9 3/4", vim fazer ligeiras observações sobre episódios que li de ontem para hoje.

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Quadribol e dementadores

O jogo de quadribol contra Corvinal ("Ravenclaw") foi particularmente emocionante. Depois do que aconteceu na primeira partida do campeonato, disputada contra Lufa-lufa ("Huflepuff"), era grande a expectativa em relação ao desempenho do herói Harry Potter. O professor Lupin, uma figura um tanto ambígua para mim até este ponto da leitura, gastou algum tempo instruindo Harry, apanhador do time de Grifinória, sobre como neutralizar o efeito dos dementadores sobre si. A dúvida acerca do êxito dessa preparação é um dos pontos de tensão, além de toda a expectativa em relação ao resultado da partida, tão importante, no campeonato anual, para o time da casa Grifinória, que, convenhamos, não poderia deixar de ser a queridinha de qualquer pessoa normal que leia a série. O final dessa passagem, além de resolver os nós dramáticos apertados por toda a expectativa mencionada, traz uma surpresa que é, ao mesmo tempo, um pouco frustrante e bastante agradável para quem acumula, com razão, raiva de Draco Malfoy.

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Aula de Adivinhação

O ceticismo de Hermione e de seus amigos em relação às aulas de Adivinhação é particularmente curioso em um universo todo permeado por seres míticos e por magia, elementos que são motivo de ceticismo aqui no mundo real, fora da série "Harry Potter". Assim como há, para nós, áreas da ciência tidas como mais científicas do que outras, como a Física em relação à Sociologia e a muitas áreas da Psicologia, ocorre diferenciação semelhante na diegese* do livro entre Aritmância e Adivinhação.

*Diegese é um termo grego aproveitado pela teoria da narrativa para designar a realidade ou o mundo próprio de uma obra narrativa de ficção, com sua coerência interna, suas regras e todas as características explícitas e implícitas dessa realidade decorrentes da construção engendrada pela autora.

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A relação entre Hermione e os dois meninos

A introdução de Hermione no trio formado por ela, Harry e Ron foi problemática. Inicialmente, os dois repeliam-na, mas a amizade formou-se ainda no primeiro volume da série. Não me lembro de ter havido conflitos significativos no segundo livro, exceto por algumas discordâncias facilmente sanadas, normalmente relacionadas à disciplina e à dedicação de Hermione em choque com a frouxidão de conduta e a molecagem dos dois pirralhos. Em Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, há uma desinteligência forte entre esses dois pólos, e Hermione aproxima-se e afasta-se dos dois meninos mais de uma vez. Ela toma decisões unilaterais que podem ser consideradas como quebra de confiança e como autoritarismo por alguns leitores, mas também podem ser reputadas justas e muito corretas por leitores como eu, quando sacrifica sua zona de conforto para garantir a segurança e a permanência de Potter e Weasley em Hogwarts. A esse respeito, a lição de moral que o professor Lupin dá em Harry, depois de livrá-lo de uma enrascada com Severus Snape, é devastadora. Até Snape, sem a mesma sensibilidade, deu uma lição de moral em Harry um pouco antes de Lupin, quando comentou que o menino esnobava todo o esforço que as pessoas comuns estavam fazendo para garantir sua integridade e sua segurança, enquanto ele, "o famoso Harry Potter", lançava-se em aventuras irresponsáveis que, de certa forma, poderiam ser interpretadas como um desprezo pela preocupação dos outros com ele.

Para saber mais sobre o "Projeto Plataforma 9 3/4", basta clicar na etiqueta de mesmo nome abaixo desta postagem.

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