tag:blogger.com,1999:blog-91091549033921210152024-03-14T02:23:01.762-03:00PALAVRA DE LITERATURAUm blog sobre livros e outras poesias. Unknownnoreply@blogger.comBlogger105125tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-57211543054927400912019-04-17T09:02:00.001-03:002019-04-17T09:02:28.288-03:00Só 30% dos brasileiros já leram um livro inteiro sem terem sido obrigados<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 70% dos brasileiros não leram, por vontade própria, um livro inteiro. Poderiam relativizar essa constatação com a ideia de que atualmente a informação circula em formatos mais ágeis e fragmentados do que o livro. Pois bem, hoje, num trajeto de 15 minutos no ônibus rumo ao trabalho em Genebra, somente na parte de trás do veículo, havia quatro pessoas lendo livros. Não é a salvação da humanidade, nem há aí um valor intrínseco, mas a leitura de um livro ensina, entre tantas outras coisas, a integrar à existência a noção de processos complexos, encadeados, duradouros, que exigem tempo e concentração para atingir uma conclusão ou para assimilar um entendimento.</span></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-30802092881816879372018-05-10T07:45:00.001-03:002018-06-07T05:26:19.903-03:00Resenha: "A guerra não tem rosto de mulher", de Svetlana Alexiévitch<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A guerra não tem rosto de mulher, primeiro livro que consumo da ganhadora do prêmio Nobel de Literatura de 2015, Svetlana Alexiévitch, resulta de uma grande e engenhosa costura dos milhares de depoimentos de mulheres que participaram da guerra contra os nazistas pelo lado da antiga União Soviética. Insere-se bem na descrição que dela fez o comitê do Nobel, como uma "obra polifônica, um monumento do sofrimento e da coragem em nosso tempo". O título, muito chamativo e escolhido com genialidade, sintetiza bem o que se encontra no miolo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Quando se pensa em guerra, realmente não se enxerga no rosto da entidade imaginada nenhum traço feminino. Não se cogita sequer de um rosto, este nosso emblema pessoal, outdoor de emoções e de sentimentos. Os olhos, que choram e são a janela da alma, estão no rosto, não nos braços que empunham metralhadoras e baionetas, nem nos pés que calçam botas e palmilham lamaçais, terrenos minados e corpos finados anônimos. O título escolhido por Svetlana Alexiévitch remete não apenas ao fato de as representações da guerra, onipresente fenômeno humano, serem completamente esvaziadas da participação feminina, como se essa não tivesse existido, mas também às tintas de intimidade, de sentimentos, de dramas prosaicos e quase envergonhados, como o de não poder usar um vestido, ou, durante um ataque, correr para o rio e arriscar-se, para poder lavar-se da menstruação com alguma privacidade, longe dos olhos masculinos. Esse enfoque contrasta até com o contexto em que as depoentes viveram, de preponderância do coletivo sobre o individual no mundo soviético.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Como não poderia deixar de ser, a condição feminina, com todos os seus desafios, seus traços históricos e sociais, sua racionalidade e sua sensibilidade, até seus estereótipos combatidos por parte do movimento feminista, aparece na obra com efeito impressionantemente inovador. A questão do que pode ou não pode, do que deve ou não deve ser dito sobre a guerra aflora logo no começo do livro, quando algumas mulheres relatam que os respectivos maridos quiseram ditar-lhes o que abordar. Nada de sentimentalismos, nada de cheiros, de emoções, de conflitos familiares. Vários depoimentos registram a preocupação de estar falando algo realmente relevante, mas do ponto de vista da corrente ainda majoritária de representar a guerra por meio de estratégias, de movimentações de tropas, de dados estatísticos e de heroísmos quase sempre masculinos. Se algum rosto aparecer, que seja o do general, do presidente, sempre homem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A guerra não tem rosto de mulher ajuda a desconstruir mais esse primado do masculino nas representações políticas e sociais humanas, sem renunciar, para isso, a nenhum aspecto do feminino.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-31771921897844005592017-05-09T17:17:00.000-03:002017-05-09T17:17:37.803-03:0015 livros e 15 livros seis anos depois<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje o Facebook me trouxe uma lembrança de seis anos atrás, maio de 2011. Uma brincadeira envolvendo listas. O desafio era o seguinte:</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"<span style="background-color: white; color: #1d2129;">As regras: não demore muito para pensar sobre isso. Quinze livros que você leu e que vão sempre estar com você. Liste os primeiros quinze que você lembrar em não mais do que quinze minutos. Eles não têm de estar em ordem de importância."</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="color: #1d2129;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="color: #1d2129;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois, eu tinha de marcar quinze amigos, entre os quais o que me marcou antes, para que fizessem as respectivas listas. Os livros que pus na minha postagem foram os seguintes:</span></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white;"><span style="color: #1d2129;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></span></div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">1) Odisseia - Homero</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">2) Ilíada - Homero</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3) A República - Platão</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">4) Fédon - Platão</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">5) Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">6) Dom Casmurro - Machado de Assis</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">7) Vidas Secas - Graciliano Ramos</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">8) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">9) Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">10) Édipo Rei - Sófocles</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">11) Prometeu acorrentado - Ésquilo</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">12) Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">13) Ensaio sobre a cegueira - José Saramago</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">14) A festa do bode - Mario Vargas Llosa</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin: 0px;">
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">15) Crime e castigo - Dostoiévski</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aquela sensação de estranhamento, de não reconhecimento, diante de algo que você escreveu ou grifou anos atrás me ocorreu. Às vezes, deparo com trechos sublinhados antes que não mereceriam minha atenção no momento da releitura. Pois bem: não sinto, no presente, que alguns desses livros me tenham marcado tanto e, por isso, decidi refazer o exercício com meu eu atual, talvez para não me reconhecer daqui a seis anos novamente. Lá vai:</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(marquei em negrito as obras que continuaram na lista; marquei também em negrito o nome do autor, quando ele continuou na lista, mesmo que tenha alterado a obra de predileção)</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1) Odisseia - Homero</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2) Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3) Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4) Ilíada - Homero</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">5) O evangelho segundo Jesus Cristo - <b>José Saramago</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6) Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">7) Viva o povo brasileiro - João Ubaldo Ribeiro</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8) Vidas secas - Graciliano Ramos</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9) A festa do bode - Mario Vargas Llosa</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10) Cem anos de solidão - Gabriel García Márquez</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">11) Enquanto agonizo - William Faulkner</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">12) O moleque Ricardo - José Lins do Rego</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">13) Eu e outras poesias - Augusto dos Anjos</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">14) Casa-grande & senzala - Gilberto Freyre</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">15) Mal-estar na civilização - Sigmund Freud</span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Deixem nos comentários suas listas. Se tiverem feito algo semelhante anos atrás, digam-me, por favor, se algo mudou.</span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-65595021547333479612017-03-02T19:30:00.000-03:002017-03-02T19:30:06.263-03:00Resenha-parágrafo: "Trópicos utópicos", de Eduardo Gianetti<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://d3vdsoeghm4gc3.cloudfront.net/Custom/Content/Products/59/19/591925_tropicos-utopicos-uma-perspectiva-brasileira-da-crise-civilizatoria-726278_m1_635986391907014000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://d3vdsoeghm4gc3.cloudfront.net/Custom/Content/Products/59/19/591925_tropicos-utopicos-uma-perspectiva-brasileira-da-crise-civilizatoria-726278_m1_635986391907014000.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">A leitura é agradável como um papo sagaz sobre assunto que nos interessa afetiva e intelectualmente. Propõe-se objetivo muito instigante e promissor, investigar os limites de uma visão de futuro comum à nação brasileira que a distinguisse do resto do mundo e por meio da qual ela se inserisse na ordem global. Fez um prólogo que consome 90% do livro e não desenvolveu bem o objetivo inicial, restrito às últimas 15 páginas. A conclusão é quase nada de original, mas o livro tem a virtude de atualizar e de bem sintetizar, em linguagem sedutora, uma discussão ainda válida, embora antiga. Parece-me problemático em alguns pontos em que recorre, por exemplo, a noções como "vitalidade iorubá", "alegria tupi" e "ternura portuguesa".</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-31739154777820941632017-02-09T18:10:00.002-03:002017-02-09T18:10:44.360-03:00Por que gritamos golpe?<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O tempo presente está todo eivado de fatos políticos e sociais cujos rumos não param de ultrapassar os limites do que consideramos compreensível. A eleição de um ultraconservador incendiário nos Estados Unidos, logo após os oito anos de governo do primeiro presidente negro da maior potência planetária, é exemplo internacional desse mundo em aparente desgoverno diante de nossos olhos e de nossos órgãos de compreensão. No Brasil, parte substancial do que nos foge à compreensão tem a ver com a derrocada do governo Dilma Rousseff, seguida da ascensão de um grupo formado por velhas raposas da política tradicional, apoiado por uma bancada parlamentar com discurso restritivo quanto a liberdades civis e a direitos e a garantias sociais. Uma grande mobilização popular que parecia pregar a moralização da coisa pública simplesmente desmanchou-se no ar, embora sobrem razões para acreditar que os substitutos da presidenta derrubada estão aí para, como um deles disse, estancar a sangria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No contexto complexo que a realidade brasileira impõe a nosso entendimento, aquelas pessoas mais angustiadas com a opacidade dos fatos do mundo nacional podem encontrar no livro <b>Por que gritamos golpe?</b>, da editora esquerdista Boitempo, uma boa representação do que a ala contrária ao <i>impeachment</i> ou golpe pensa e de como narra o que aconteceu. A composição de autores é muito variada: encontram-se desde políticos menos patentemente de esquerda, como Roberto Requião e Ciro Gomes, a outros mais nitidamente identificados com a esquerda franca, como Jandira Feghali e Luíza Erundina; há a cartunista Laerte Coutinho, ativistas e militantes dos movimentos estudantil, negro, sindical, feminista; há pesquisadores acadêmicos e intelectuais, como André Singer e </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Michael Löwy. Embora já um pouquinho desatualizado, porque publicado no calor da disputa e antes do impedimento definitivo de Dilma Rousseff, o livro é um retrato diversificado e representativo, acho eu, do pensamento de um dos lados. Essa é sua maior virtude.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O lado fraco do livro é a densidade analítica e explicativa. Se, como eu, você procurava "insights" que permitissem enriquecer sua interpretação e seu entendimento dos meandros sociais, culturais e políticos do que os autores chamam de golpe, poderá decepcionar-se. Há textos excelentes nesse aspecto, como o do já citado André Singer, mas não ocupam, talvez, nem 20% do total de páginas. Os demais textos são panfletos convocatórios, diagnósticos repisados, interpretações superficiais, mais para mobilização e reciclagem pelos militantes, nas discussões por aí, do que para compreensão. Muitos argumentos que qualquer pessoa minimamente informada cansou de encontrar nas redes sociais e na imprensa são repetidos um tanto exaustivamente de um artigo para o outro, o que enfada a leitura. Depois da terceira vez, passam a ser sentidos como detrito, como mal necessário se você quer ter acesso a algum fato ou ponto de vista mais original contido no livro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Consciente do que o livro oferece, ele parecerá mais ou menos valioso ao leitor, na dependência das expectativas deste. Eu considerei a leitura útil, mas, como esperava mais originalidade analítica, mais vieses aos quais não tive acesso pelos canais cotidianos, fiquei meio desalentado ao longo das páginas. Sem dúvida, porém, o livro tem sua utilidade como documento e como síntese representativa e suficientemente diversa das forças que se uniram contra a derrubada de Dilma Rousseff da presidência do Brasil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">*** três estrelas</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-280790940436061302017-02-09T11:00:00.000-03:002017-02-09T11:00:17.442-03:00Resenha-parágrafo - "Azul corvo", de Adriana Lisboa<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Uma jovem adulta de seus 22 anos narra como, após a morte da mãe, partiu do Rio de Janeiro para os Estados Unidos, aos 13 anos, em busca do pai desconhecido, e, ao mesmo tempo que resgatava sua memória familiar, tomava conhecimento do passado de seu país no período sombrio da ditadura instalada em 1964. Em mais uma obra em que a morte de alguém próximo e o luto dela decorrente ensejam uma viagem que problematiza identidades - como em <i>Rakushisha </i>e em <i>Hanói</i> -, Adriana Lisboa engendra uma trama com lirismo comedido, com personagens cativantes e com reverberações de sentido que se perdem no horizonte mental do leitor. As partes que tratam da guerrilha do Araguaia são reveladas ao leitor pelo contato que a narradora travou com as memórias de seu pai oficial, Fernando, em cuja casa ela vai morar nos Estados Unidos. A perda da mãe, bem como a busca e o encontro com as figuras paternas podem ser lidas também como metáforas da forma como a sociedade brasileira se relaciona com a memória desse período sombrio de nossa história nacional.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-91014136779268151202016-10-27T10:34:00.000-03:002016-12-06T16:29:43.833-03:00"Azul corvo", de Adriana Lisboa - Diário de leitura<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Estou quase terminando de ler <b>Azul corvo</b>, o único dos cinco romances adultos de Adriana Lisboa que ainda não havia lido. Dizer "romance adulto" faz parecer que o livro traz cenas tórridas de sexo explícito, mas não é o caso. É, na verdade, para diferenciar do infanto-juvenil <b>O coração às vezes pára de bater</b>, da editora Rocco, que só hoje descobri.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Não vim esgotar <b>Azul corvo</b>, mas só compartilhar como estou gostando da personagem Fernando, o "pai" da narradora, Vanja. Essas aspas em torno de "pai" serão facilmente entendidas por quem ler o livro. Trata-se de uma relação sofisticadamente bela, sobre a qual pretendo escrever depois aqui. Fernando foi casado com a mãe de Vanja e, depois de separados, topou registrá-la como filha. Morre Suzana, a mãe de Vanja, e a garota de 13 anos resolve mudar-se para os Estados Unidos para, com a ajuda do pai pró-forma, encontrar o biológico.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Fernando remeteu-me ao protagonista de <b>Barba ensopada de sangue</b> e a David, personagem de outro romance escrito por Adriana Lisboa, <b>Hanói</b>. Faz parte de um grupo cujo perfil me é particularmente querido, ao mesmo tempo estoico, com carapaça de dureza e de abnegação em relação às vicissitudes do mundo, porém deixando escapar um afeto semiárido, como a flor do mandacaru, como a prosa de Graciliano e como a poética de João Cabral, todos de rara e enxuta beleza. </span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-32110683784904231012016-10-06T13:05:00.001-03:002016-10-06T15:46:04.266-03:00Resenha-parágrafo - "Um beijo de colombina", de Adriana Lisboa<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-S1CIfKx9Dzg/V_abtqhEy1I/AAAAAAAADZM/i2DXdhGLl9soQPHdbSK8adFb2Th1kdt_wCLcB/s1600/um%2Bbeijo%2Bde%2Bcolombina.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-S1CIfKx9Dzg/V_abtqhEy1I/AAAAAAAADZM/i2DXdhGLl9soQPHdbSK8adFb2Th1kdt_wCLcB/s1600/um%2Bbeijo%2Bde%2Bcolombina.jpeg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Avaliação: ***</span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Só não li da autora até agora <b>Azul Corvo</b>, e <b>Um beijo de colombina </b>foi o de que menos gostei. O argumento do livro é bom, mas a história foi perdendo o interesse do meio para o fim, até que, no último capítulo, houve uma compensação. O narrador do livro vive com uma escritora que, em uma das vezes em que vai nadar no mar, perto da casa de praia que alugam juntos, desaparece, e ele passa a vivenciar um processo de luto por essa perda. Para tentar superar, começa também a escrever. O livro, por isso, tem vários trechos metalinguísticos bacanas, em que o ofício da escrita é objeto de reflexões e de comentários. Os capítulos são organizados em referência a poemas de Manuel Bandeira, cujas vida e obra têm presença preponderante no romance. Se não gostar de "spoiler", pare de ler aqui... </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Recorde-se que Manuel Bandeira contraiu tuberculose na juventude e teve a morte como certa para pouco tempo à frente, todavia foi um dos escritores mais longevos de sua geração. Esse é um dos pontos em que a biografia do poeta toca a trama do livro.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-21983111153364444262016-09-30T11:20:00.001-03:002016-09-30T11:20:43.809-03:00Resenha-parágrafo - "Hanói", de Adriana Lisboa<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><i>Ando sumido, eu sei. Tenho pensado em como recuperar a regularidade nas postagens deste blog, porque ainda quero bem a ele e continuo convencido de seu proveito para mim; não tanto, como sempre, do valor dele para os outros. Tive agora a ideia de facilitar a frequência das postagens impondo-me um desafio simples: escrever um parágrafo sobre livros que eu ler, visto que textos mais longos exigem mais tempo e dedicação do que tenho sido capaz de reservar. Vejamos como me saio.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;"><b>Hanói</b>, de Adriana Lisboa</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">David, um homem de seus trinta anos, músico diletante, ocupante de um emprego banal, recentemente abandonado pela namorada, recebe do médico a notícia de que vai morrer em poucos meses. Em meio às iniciativas que toma para despedir-se da existência, como distribuir os poucos bens contidos em seu apartamento, conhece Alex, descendente de vietnamitas imigrados para os Estados Unidos, caixa de um mercadinho de bairro e mãe solo de um garoto. O encontro dos dois é especialmente problemático pela dúvida sobre se é plausível e desejável um envolvimento amoroso cujo prazo de validade está prestes a vencer pela morte iminente de uma das partes. O que poderia ser um dramalhão ou um fardo emocional é representado por Adriana Lisboa com uma limpidez e uma serenidade que nos fazem deparar com a tristeza e com o implacável de uma forma terna. Pessoalmente, sinto saudades das personagens e de sua convivência. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><u><br /></u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><u>Avaliação</u>: ****</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-71697121909614378012016-09-29T13:07:00.000-03:002016-09-29T13:10:43.400-03:00"Meus desacontecimentos", de Eliane Brum - resenha<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-V7heTZGUS0M/V-084_ZaSII/AAAAAAAADYA/25IgkOmizpkuRGwzgrGo6JKtnnvT7koUgCLcB/s1600/Livro-Meus-Desacontecimentos-a-Historia-da-Minha-Vida-com-as-Palavras-Eliane-Brum-2972195.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-V7heTZGUS0M/V-084_ZaSII/AAAAAAAADYA/25IgkOmizpkuRGwzgrGo6JKtnnvT7koUgCLcB/s320/Livro-Meus-Desacontecimentos-a-Historia-da-Minha-Vida-com-as-Palavras-Eliane-Brum-2972195.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Avaliação: ****</div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Quando leio algo escrito por Eliane Brum, tenho a sensação de que vou me desequilibrar e cair no próximo passo. Um pouco de vertigem. Por incrível que pareça, a sensação é boa, porque a tensão vem de uma ameaça a minha zona de conforto. Ao mesmo tempo, dado o passo arriscado, transposta uma frase, transcorrido um parágrafo, é comum sentir que descobri ou elucidei uma parte de mim que estava guardada, confusa, enevoada. Não sou jogado para fora da zona de conforto com um golpe maldoso, mas sou conduzido, sorrateira e suavemente, para fora dela, como que por uma sábia feiticeira que quisesse me ensinar não apenas com a cognição, mas também com outros aspectos da alma, aqueles a que escrita literária dá acesso de forma privilegiada. Ler Eliane Brum sempre me deixa melhor do que era.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Por essa experiência com o texto da escritora, decidi provar um de seus livros. Procurei o que havia disponível no "Kindle Unlimited", a assinatura de livros oferecida pela Amazon, nos moldes do Netflix, e encontrei <b>Uma, duas</b>, uma ficção de que já ouvira falar, e <b>Meus desacontecimentos</b>, cujo subtítulo prometia contar à história da autora com as palavras. Eu sempre me interesso pelos bastidores da vida de quem escreve. Uma bisbilhotice boa. Quero saber as circunstâncias que levam alguém a criar e a publicar, a estabelecer uma comunicação carregada de inteligência estética com pessoas desconhecidas. Deixei <b>Uma, duas</b> para depois. Queria mitigar o risco de me desgostar naquela empreitada de aproximação da escrita de Eliane Brum, agora em livro. <b>Meus desacontecimentos</b> prometia ser algo mais próximo ao tipo de texto da autora com o qual eu estava habituado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">A subjetividade de Eliane Brum está muito presente no texto do livro, mas, ao representar seus meandros, a autora conecta-se com a gente e nos representa também. O tipo de sofrimento relacionado à dificuldade de estar no mundo é universal, e Eliane Brum nos toca muito bem com a revelação de seus casos. Na obra, ela conta o que escrever significou para ela, como foram definidos seus marcos do estar no mundo e seus compromissos éticos com o jornalismo e com a literatura. Sua preocupação humanista, o olhar atento e sensível para as questões vinculadas à condição das minorias sociais, sua espécie de sacerdócio ou de profissão de fé com a escrita: tudo isso vai historiado e bem exposto no livro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Seguem meus trechos preferidos, organizados tematicamente:</span></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><u>Relação com as palavras</u></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-3UMXmi_wHP0/V-w4hh9IXlI/AAAAAAAADWc/__H-FYiBGhYK2xSp4tf2SvCqa3apNxJVQCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="43" src="https://4.bp.blogspot.com/-3UMXmi_wHP0/V-w4hh9IXlI/AAAAAAAADWc/__H-FYiBGhYK2xSp4tf2SvCqa3apNxJVQCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B1.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-vMwOtgWe_z8/V-w4i5pnYSI/AAAAAAAADXI/3tVU4Mfesa4mMXkm-8EcQEHn6tPy59QUgCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="97" src="https://3.bp.blogspot.com/-vMwOtgWe_z8/V-w4i5pnYSI/AAAAAAAADXI/3tVU4Mfesa4mMXkm-8EcQEHn6tPy59QUgCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B2.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-o5EQ93QcaDo/V-w4kOdYXnI/AAAAAAAADXo/ufCJMhwVx0AsLvAmWJnOfziRe-YTh5MWgCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B9.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="269" src="https://3.bp.blogspot.com/-o5EQ93QcaDo/V-w4kOdYXnI/AAAAAAAADXo/ufCJMhwVx0AsLvAmWJnOfziRe-YTh5MWgCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B9.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-hQtdQLsJm_8/V-w4hpsx6UI/AAAAAAAADWg/SL6-HBf_XpQoYbmYk5wKt4Qig4dtEmiigCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B11.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="96" src="https://1.bp.blogspot.com/-hQtdQLsJm_8/V-w4hpsx6UI/AAAAAAAADWg/SL6-HBf_XpQoYbmYk5wKt4Qig4dtEmiigCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B11.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-Iv5du1ng5-E/V-w4iNUsvmI/AAAAAAAADWo/wtAClJ5mzBwbmWpnj9yY_eq6_3iN5deIACLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B12.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="78" src="https://2.bp.blogspot.com/-Iv5du1ng5-E/V-w4iNUsvmI/AAAAAAAADWo/wtAClJ5mzBwbmWpnj9yY_eq6_3iN5deIACLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B12.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-d5XPO6a2Rww/V-w4iknlIAI/AAAAAAAADW8/9rXqa-LZyTUkCVPHb86id8zXs3_woS8lQCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B16.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="115" src="https://3.bp.blogspot.com/-d5XPO6a2Rww/V-w4iknlIAI/AAAAAAAADW8/9rXqa-LZyTUkCVPHb86id8zXs3_woS8lQCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B16.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><u>Existência humana</u></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-Lh6VdKDJLaw/V-w4jUpqtBI/AAAAAAAADXQ/CNAhqqXZIcQnU1T7Ce2txTglmRXrZaTEgCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B3.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="80" src="https://2.bp.blogspot.com/-Lh6VdKDJLaw/V-w4jUpqtBI/AAAAAAAADXQ/CNAhqqXZIcQnU1T7Ce2txTglmRXrZaTEgCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B3.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-XOxdFXXzvEo/V-w4hhOfp9I/AAAAAAAADWk/dD4yGCHFWTQdlb3DZZZuYKYiKKvvCigrwCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B10.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="31" src="https://1.bp.blogspot.com/-XOxdFXXzvEo/V-w4hhOfp9I/AAAAAAAADWk/dD4yGCHFWTQdlb3DZZZuYKYiKKvvCigrwCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B10.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-Oiui7HxrfFo/V-w4iBL-mZI/AAAAAAAADWs/q8y7eVJPooozn7tw3E42VEKdxHxZrvEwACLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B13.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://3.bp.blogspot.com/-Oiui7HxrfFo/V-w4iBL-mZI/AAAAAAAADWs/q8y7eVJPooozn7tw3E42VEKdxHxZrvEwACLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B13.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-JmZlbKp6UYA/V-w4iFzoQiI/AAAAAAAADWw/gRrCxIYi98MBj4SKnUtB8QcrmcAU0Td0gCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B14.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://1.bp.blogspot.com/-JmZlbKp6UYA/V-w4iFzoQiI/AAAAAAAADWw/gRrCxIYi98MBj4SKnUtB8QcrmcAU0Td0gCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B14.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-UitCEvNwfMA/V-w4ifLk94I/AAAAAAAADW0/USDk4f0NEiU8hLMcM1l-WxxrB8LOImWqACLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B15.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="61" src="https://3.bp.blogspot.com/-UitCEvNwfMA/V-w4ifLk94I/AAAAAAAADW0/USDk4f0NEiU8hLMcM1l-WxxrB8LOImWqACLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B15.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><u>Preocupação social e realidade brasileira</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-KIB_KVInXeA/V-w4jZx42GI/AAAAAAAADXU/1l_eWCAJ-eQl7K4rKtVJMh0-NUSWNFa9ACLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B4.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="74" src="https://1.bp.blogspot.com/-KIB_KVInXeA/V-w4jZx42GI/AAAAAAAADXU/1l_eWCAJ-eQl7K4rKtVJMh0-NUSWNFa9ACLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B4.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-nJBBvYb41AA/V-w4jq6H9RI/AAAAAAAADXY/K4_YBy5X5300cO3NmZFOrS0WUDv3_3e4wCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B5.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="251" src="https://2.bp.blogspot.com/-nJBBvYb41AA/V-w4jq6H9RI/AAAAAAAADXY/K4_YBy5X5300cO3NmZFOrS0WUDv3_3e4wCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B5.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-GyE7v6YOANM/V-w4jqstHNI/AAAAAAAADXc/Mhg6jQGZaMAeqgqBeDw-ipII4MxuXsfGgCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B6.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="135" src="https://1.bp.blogspot.com/-GyE7v6YOANM/V-w4jqstHNI/AAAAAAAADXc/Mhg6jQGZaMAeqgqBeDw-ipII4MxuXsfGgCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B6.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-C8mNWyGtUSA/V-w4jrIvc4I/AAAAAAAADXg/gU_pTCw_bEoxQ_Sb-DxA8pMUYS8EF7VPACLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B7.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="172" src="https://4.bp.blogspot.com/-C8mNWyGtUSA/V-w4jrIvc4I/AAAAAAAADXg/gU_pTCw_bEoxQ_Sb-DxA8pMUYS8EF7VPACLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B7.png" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-Et44ZDrjt0c/V-w4j5v34uI/AAAAAAAADXk/BfoisieaImQyhUTcrcthKbciBvAPiqwEwCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B8.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="293" src="https://2.bp.blogspot.com/-Et44ZDrjt0c/V-w4j5v34uI/AAAAAAAADXk/BfoisieaImQyhUTcrcthKbciBvAPiqwEwCLcB/s320/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B8.png" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><u>A história com a menina de rua</u></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(A sequência em que Eliane Brum conta sua história com uma menina de rua que lhe pareceu ameaçadora ao primeiro contato me chamou especialmente a atenção. Nela se representa muito bem a falácia daquilo que, no Brasil, alguns estratos sociais costumam chamar de meritocracia, mas não passa de discurso autorreferenciado e consagrador de privilégios. Essa parte da história é tão dolorosa quanto necessária.)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-9CJvUTxwBCA/V-w4iX_qKDI/AAAAAAAADW4/7mEf7U9b9YQv6bGxCrZazNtN3FvBn5RgwCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B17.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="57" src="https://1.bp.blogspot.com/-9CJvUTxwBCA/V-w4iX_qKDI/AAAAAAAADW4/7mEf7U9b9YQv6bGxCrZazNtN3FvBn5RgwCLcB/s400/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B17.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-kHFK-iMmz0Y/V-w4irwS9CI/AAAAAAAADXE/hp0l25C8PTw3J77G3I8TzXFSgCFsCC-xwCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B18.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="76" src="https://1.bp.blogspot.com/-kHFK-iMmz0Y/V-w4irwS9CI/AAAAAAAADXE/hp0l25C8PTw3J77G3I8TzXFSgCFsCC-xwCLcB/s400/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B18.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-LfKTr-lJTgI/V-w4i87pNtI/AAAAAAAADXA/bSkoGQtE1hklDIHZNGJmThkXOqIw31w3QCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B19.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://2.bp.blogspot.com/-LfKTr-lJTgI/V-w4i87pNtI/AAAAAAAADXA/bSkoGQtE1hklDIHZNGJmThkXOqIw31w3QCLcB/s400/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B19.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><u>Condição feminina</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-4VK2xZ34nyc/V-w4jKUfRKI/AAAAAAAADXM/HwksQe6gRVAiTxyrQRUPPxnnI3G_ewQfgCLcB/s1600/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B20.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="81" src="https://1.bp.blogspot.com/-4VK2xZ34nyc/V-w4jKUfRKI/AAAAAAAADXM/HwksQe6gRVAiTxyrQRUPPxnnI3G_ewQfgCLcB/s400/EB-meus%2Bdesacontecimentos%2B20.png" width="400" /></a></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-57959559563025016142016-05-03T11:44:00.001-03:002016-05-03T11:44:37.551-03:00Pra não sumir por mais de um mês<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Que bonito para minha cara passar um mês inteiro, abril, sem postar nada aqui. Acho que nunca antes na história deste blog isso acontecera. Além de mim, cerca de nenhuma pessoa deve ter notado, mas vou até o fim, em desafio ao decreto do tal anjo safado de que fala Chico Buarque.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Abril foi um mês histórico, principalmente no mal sentido. Li muito menos do que gostaria e não terminei nenhum livro. Danei-me a consumir com os olhos, a mente e o coração várias obras ao mesmo tempo, pela inquietação com essa realidade cada vez mais vertiginosamente incompreensível e atemorizante. Fora isso, leituras de textos e de artigos diversos para o Mestrado e para a compreensão da mesma realidade surreal já mencionada. Viajei a São Paulo e à Paraíba, dediquei-me com afinco a curtir um pouco no estilo "carpe diem".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Estou lendo: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">a) "Notícias do Planalto: imprensa e poder nos anos Collor", de Mario Sergio Conti;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">b) "À margem do abismo: conflitos na política brasileira", de Wanderley Guilherme dos Santos;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">c) "O tempo e o cão", de Maria Rita Kehl;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">d) "La chambre bleue", de Georges Simenon (estacionado há semanas);</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">e) "Harry Potter and the goblet of fire", de J. K. Rowling (a passos de tartaruga).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Volto a dar notícias em breve.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-62979657458921143652016-03-14T17:40:00.002-03:002016-03-14T17:40:20.461-03:00Encontros com ares de reencontro: duas pessoas que conheci em viagem a São Paulo<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O <b>Palavra de Literatura</b> completou um ano em janeiro de 2016. Nesse período, os frutos principais do projeto não foram aqueles que eu almejava quando o iniciei. Em postagem anterior, já mencionei uma série de pessoas que conheci por intermédio dessa presença virtual regular em torno dos livros. No último fim de semana, estive em São Paulo para o festival Lollapalooza, e, na ocasião, pude encontrar pessoalmente duas dessas pessoas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Um dos primeiros contatos que fiz pelo blog foi com <a href="http://marcelayoneda.blogspot.com.br/" target="_blank">Marcela Yoneda</a>, cujo blog indiquei aqui no passado, em virtude das crônicas deliciosas que ela publica. Trocamos e-mails e fomos nos aproximando pelas redes sociais. A troca de palavras não foi sempre constante, mas, até pelo contato que Mar estabeleceu comigo ao saber que eu iria a São Paulo, confirma-se que são mútuos o carinho, a admiração e uma intuição de que somos almas que vibram em sintonia, em frequências muito afins. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Combinamos de nos dar "oi" na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o templo-mor dos bibliófilos nacionais, na Avenida Paulista. Eu já havia acertado de encontrar lá também Thais Vitale, que toca o perfil <a href="https://www.instagram.com/literaturanews/" target="_blank">Literatura News</a> no Instagram. Quando estava lá fuçando estantes e, alternadamente, procurando uma das duas, dei de cara com Marcela me dirigindo um olhar hesitante, com seu jeito de Amélie Poulain. Depois de uns segundos de olhares congelados aguardando um sinal de reconhecimento, aproximamo-nos e começou a celebração. Poucos minutos depois, Thais agregou-se a nós, e assunto não faltou.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-VG16kryKyJY/VuchpjtLB9I/AAAAAAAADSQ/1J9-VEj9vogu0fFlOZvSRVRV96LpYAl_g/s1600/12212356_10209496512796233_434368068_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-VG16kryKyJY/VuchpjtLB9I/AAAAAAAADSQ/1J9-VEj9vogu0fFlOZvSRVRV96LpYAl_g/s320/12212356_10209496512796233_434368068_n.jpg" width="218" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Marcela, como havia me prevenido, não pôde passar mais do que um quarto de hora com a gente. Os três tomamos café na Livraria Cultura mesmo, sem momentos de silêncio, até que ficamos desfalcados da cronista com ares de Amélie, meio ágil, meio lírica, meio coelho de Alice indo embora porque era tarde. Marcela que me desculpe se estou passando dos limites, mas ela também dá a sensação de ser um passarinho ainda pouco crescido que a gente quer proteger na curva da mão, mas sai voando para reaparecer três dias depois. Eu quero um livro de crônicas de Marcela autografado em minhas mãos e diante de meus olhos quanto antes!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-aXnNG-VHez0/VucfBIGPeJI/AAAAAAAADSE/t7Ypy8_T2_4W8bV_KciF5ZRrZPsujmKow/s1600/12819083_565632580256363_1899183600_n%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-aXnNG-VHez0/VucfBIGPeJI/AAAAAAAADSE/t7Ypy8_T2_4W8bV_KciF5ZRrZPsujmKow/s320/12819083_565632580256363_1899183600_n%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Thais e eu continuamos lá. Ela foi mais prevenida que eu. Levou-me de presente um livro de Valter Hugo Mãe sobre uma personagem que quer ser pai, <b>O filho de mil homens</b>. Teve o cuidado de checar o perfil do <b>Palavra de Literatura </b>no Instagram, para reduzir a probabilidade de dar-me um exemplar repetido. Eu pretendia também comprar um presente livresco para ela, mas não fui tão previdente, para minha vergonha. Levei no bolso um marcador que comprei, um dia antes, no MASP, com reprodução de uma obra de Monet, e planejava entregá-lo dentro do livro de presente. Não deixaria, porém, de suprir minha vontade de dar-lhe uma lembrança e de retribuir a gentileza e comprei a edição de contos de Tchekhov da CosacNaify para ela. Trocamos dedicatórias e conversamos, conversamos, conversamos, até que meu namorado chegou para me convocar de volta para a programação regular da viagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Eis a vida em sua manifestação mais vibrante: o encontro de pessoas, a troca de gentilezas, o intercâmbio de bons afetos, a mitigação da solidão no mundo, tudo isso inesperado, como encontrar uma fotografia da infância dentro de um livro há muito escondido na prateleira.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-2560043329882923412016-02-21T08:44:00.000-03:002016-02-21T08:44:11.524-03:00"Persépolis", de Marjane Satrapi<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Terminei recentemente um livro em quadrinhos, o já famosinho "Persépolis", da iraniana Marjane Satrapi. Esse livro eu ganhei em um amigo secreto organizado entre um grupo de pessoas que escrevem e falam sobre livros nas redes sociais. Lá no canal no YouTube, lançado há uns dois meses, publiquei um vídeo sobre a obra, por isso vou deixar aqui para quem quiser assistir e farei uma lista de dez motivos por que acho que "Persépolis" deve ser lido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/qiS6taHSzR4/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/qiS6taHSzR4?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Você deve ler "Persépolis" porque...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<ol>
<li><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">é uma narrativa muito bem alinhavada, cativante e prazerosa;</span></li>
<li><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">é uma história autobiográfica de uma pessoa cujas circunstâncias pessoais, usadas como eixo do que se conta, permitem revelar muitas facetas da realidade regional e da alma humana;</span></li>
<li><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">os desenhos são bonitos, simples, no sentido difícil de se atingir, muito expressivos, como deve ser, acho, uma boa HQ;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">condensa muita informação sobre uma área importante para a geopolítica mundial;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">conjuga aspectos privados e públicos de uma vida vivida em contexto de conflitos nacionais e internacionais;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">ajuda a desfazer estereótipos e a combater a desinformação gerada pela hegemonia eurocêntrica da imprensa sobre o Irã e sobre o Oriente Médio;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">mostra as contradições de processos políticos complexos e os erros corriqueiros mesmo de quem está do lado tido como certo das disputas;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">representa a visão da mesma personagem, na infância, na adolescência e na fase adulta, sobre questões de caráter público, sobre as repercussões desses acontecimentos nas decisões pessoais, sobre o estilo de vida etc, em um amadurecimento progressivo que pode ser acompanhado, em seu desenvolvimento, pelo leitor;</span></li>
<li><span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">é um livro escrito e desenhado por uma mulher artista iraniana que viveu parte importante da história do seu país, onde as mulheres e a arte não tinham grande margem para florescer, e pode contá-la de fora e de dentro ao mesmo tempo.</span></li>
</ol>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-11041620909887787012016-02-01T19:01:00.001-03:002016-02-01T23:50:02.788-03:00"Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban" - diário de leitura 2<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Estou perto de 70% da leitura de <b>Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban</b>. Incorporando o espírito do "Projeto Plataforma 9 3/4", vim fazer ligeiras observações sobre episódios que li de ontem para hoje.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">***</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b>Quadribol e dementadores</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O jogo de quadribol contra Corvinal ("Ravenclaw") foi particularmente emocionante. Depois do que aconteceu na primeira partida do campeonato, disputada contra Lufa-lufa ("Huflepuff"), era grande a expectativa em relação ao desempenho do herói Harry Potter. O professor Lupin, uma figura um tanto ambígua para mim </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">até este ponto da leitura</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">, gastou algum tempo instruindo Harry, apanhador do time de Grifinória, sobre como neutralizar o efeito dos dementadores sobre si. A dúvida acerca do êxito dessa preparação é um dos pontos de tensão, além de toda a expectativa em relação ao resultado da partida, tão importante, no campeonato anual, para o time da casa Grifinória, que, convenhamos, não poderia deixar de ser a queridinha de qualquer pessoa normal que leia a série. O final dessa passagem, além de resolver os nós dramáticos apertados por toda a expectativa mencionada, traz uma surpresa que é, ao mesmo tempo, um pouco frustrante e bastante agradável para quem acumula, com razão, raiva de Draco Malfoy.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">***</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b>Aula de Adivinhação</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b><br></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">O ceticismo de Hermione e de seus amigos em relação às aulas de Adivinhação é particularmente curioso em um universo todo permeado por seres míticos e por magia, elementos que são motivo de ceticismo aqui no mundo real, fora da série "Harry Potter". Assim como há, para nós, áreas da ciência tidas como mais científicas do que outras, como a Física em relação à Sociologia e a muitas áreas da Psicologia, ocorre diferenciação semelhante na diegese* do livro entre Aritmância e Adivinhação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">*<i>Diegese </i>é um termo grego aproveitado pela teoria da narrativa para designar a realidade ou o mundo próprio de uma obra narrativa de ficção, com sua coerência interna, suas regras e todas as características explícitas e implícitas dessa realidade decorrentes da construção engendrada pela autora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">***</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b>A relação entre Hermione e os dois meninos</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A introdução de Hermione no trio formado por ela, Harry e Ron foi problemática. Inicialmente, os dois repeliam-na, mas a amizade formou-se ainda no primeiro volume da série. Não me lembro de ter havido conflitos significativos no segundo livro, exceto por algumas discordâncias facilmente sanadas, normalmente relacionadas à disciplina e à dedicação de Hermione em choque com a frouxidão de conduta e a molecagem dos dois pirralhos. Em <b>Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban</b>, há uma desinteligência forte entre esses dois pólos, e Hermione aproxima-se e afasta-se dos dois meninos mais de uma vez. Ela toma decisões unilaterais que podem ser consideradas como quebra de confiança e como autoritarismo por alguns leitores, mas também podem ser reputadas justas e muito corretas por leitores como eu, quando sacrifica sua zona de conforto para garantir a segurança e a permanência de Potter e Weasley em Hogwarts. A esse respeito, a lição de moral que o professor Lupin dá em Harry, depois de livrá-lo de uma enrascada com Severus Snape, é devastadora. Até Snape, sem a mesma sensibilidade, deu uma lição de moral em Harry um pouco antes de Lupin, quando comentou que o menino esnobava todo o esforço que as pessoas comuns estavam fazendo para garantir sua integridade e sua segurança, enquanto ele, "o famoso Harry Potter", lançava-se em aventuras irresponsáveis que, de certa forma, poderiam ser interpretadas como um desprezo pela preocupação dos outros com ele.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Para saber mais sobre o "Projeto Plataforma 9 3/4", basta clicar na etiqueta de mesmo nome abaixo desta postagem.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-30406191687875182122016-02-01T00:33:00.001-03:002016-02-01T00:37:41.824-03:00Projeto de leitura Plataforma 9 3/4<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://livrosdecalla.files.wordpress.com/2016/01/17n7t003puynzjpg.jpg?w=527&h=299" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="181" src="https://livrosdecalla.files.wordpress.com/2016/01/17n7t003puynzjpg.jpg?w=527&h=299" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Várias pessoas que usam redes sociais para trocar experiências de leitura aderem a projetos. Normalmente definem uma meta geral para o ano e, dentro dela, traçam objetivos mais específicos, que podem consistir em ler determinado número de livros de uma autora, sobre um tema, com recorte de gênero ou de nacionalidade etc. Por exemplo: ler os romances de Clarice Lispector, ler dez livros escritos por mulheres diferentes, ler cinco autores russos, ler sete livros de contos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">É comum também que as pessoas compartilhem os projetos, adiram a um inventado por outra pessoa, e, a partir daí, comentem, discutam, interajam em torno dele. Pela primeira vez aqui no <b>Palavra de Literatura</b>, participarei de um projeto que converge com minha meta preestabelecida de ler a série Harry Potter. Fiquei sabendo da iniciativa de Bárbara L, do blog <a href="https://livrosdecalla.wordpress.com/2016/01/03/projeto-de-leitura-plataforma-9-34/comment-page-1/#comment-575" target="_blank">Livros de Calla</a>, por meio do blog de Ana, o <a href="https://leiaanaleia.wordpress.com/2016/01/16/projeto-plataforma-9-34/comment-page-1/#comment-260" target="_blank">Leia Ana, Leia</a>. O nome que Bárbara deu foi <b>Projeto de Leitura Plataforma 9 3/4</b>, em referência ao local por onde se embarca no trem que leva os alunos de volta das férias para Hogwarts, a bem famosa escola de magia e de bruxaria. Nos links indicados, estão descritas as regras de como participar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Comecei a leitura da série em julho do ano passado, então, já entro no projeto com parte do trabalho realizado. Inseri nas postagens que fiz a respeito dos livros já lidos a etiqueta "Projeto Plataforma 9 3/4", que pode ser encontrada na longa lista, em ordem alfabética, à direita de sua tela. Clicando a etiqueta, aparecerão todos os textos com comentários, com impressões e com citações de <b>Harry Potter e a pedra filosofal</b>, de <b>Harry Potter e a câmara secreta</b> e, ainda por terminar, de <b>Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban</b>. Se alguém quiser ler junto, basta avisar, que a gente troca figurinhas, e eu indico aqui o link para o respectivo blog.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-55424945492640769292016-01-28T15:30:00.001-03:002016-02-01T00:25:00.533-03:00"Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban" - diário de leitura<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Em julho do ano passado, comecei a leitura da série Harry Potter. Estou lendo na medida do possível, porque outras leituras se intercalam, seja por vontade, seja por obrigação. Logo em seguida, assisto ao filme correspondente, o que tem sido uma experiência interessante. Com a memória fresca sobre a trama literária, tenho condições de notar as soluções encontradas para transpor a narrativa de uma linguagem para outra, com condensações, com supressões e com outros recursos de adaptação. Também é divertido comparar o que imaginei dos ambientes e das personagens descritas em linguagem verbal com o que foi criado e reproduzido em imagem pela equipe de produção cinematográfica. No geral, tenho achado muito boas as soluções.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://vignette1.wikia.nocookie.net/harrypotter/images/3/36/Harry-potter-films.png/revision/latest?cb=20110722151247" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://vignette1.wikia.nocookie.net/harrypotter/images/3/36/Harry-potter-films.png/revision/latest?cb=20110722151247" height="225" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">***</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b4/Harry_Potter_and_the_Prisoner_of_Azkaban_(US_cover).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/b/b4/Harry_Potter_and_the_Prisoner_of_Azkaban_(US_cover).jpg" width="224" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Neste final de janeiro, adentrei as páginas do terceiro volume da séria, <b>Harry Potter and the prisoner of Azkaban</b>. A fórmula é a mesma: início com os sofrimentos de Harry junto à família de trouxas que o criam e a ansiedade pelo retorno a Hogwarts, geralmente com a intercorrência de algo que ameace essa volta; compra de material escolar e reencontro com Ron e Hermione, os dois amigos próximos; paulatina apresentação do vilão da vez, a figura cuja identidade e cujos métodos vão sendo revelados aos poucos, tanto para leitoras como para as personagens principais. Pelo menos, é assim que ocorre nos três primeiros livros com os quais já travei contato. Não fosse a criatividade de Rowling para engendrar e caracterizar bem um mundo próprio, a fórmula apresentada seria bem cansativa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Entre os exemplos de invenções instigantes da autora, estão os livros didáticos indicados por Hagrid em seu primeiro ano como professor, oportunidade surgida para ele após Harry e seus amigos terem esclarecido, no livro 2, um episódio do passado de Hagrid que motivara a expulsão deste da escola. São livros sobre como cuidar de criaturas mágicas. Na livraria, os exemplares ficam engaiolados, em luta selvagem entre si, e os livreiros precisam usar luva e uma espécie de pinça grande para entregá-los aos consumidores. O livreiro fica bastante aliviado, quando Harry avisa que já possui um exemplar, porque não precisará enfrentar a fúria dos livros animalescos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://vignette2.wikia.nocookie.net/harrypotter/images/a/a5/Prop_Monster_Book_of_Monsters.JPG/revision/latest?cb=20130308005413" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://vignette2.wikia.nocookie.net/harrypotter/images/a/a5/Prop_Monster_Book_of_Monsters.JPG/revision/latest?cb=20130308005413" height="185" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Neste terceiro volume da série, outra situação que me pareceu muito criativa foi a primeira aula com a Professora Trelawney, de artes adivinhatórias. É cômico uma professora desse tipo de matéria apresentando o programa de aulas para o ano à frente, porque ela prevê, por exemplo, que as aulas serão interrompidas em fevereiro, em virtude de um surto de gripe que afetará, inclusive, sua voz. A autora aproveita essa circunstância especial da personagem para inflamar o suspense que, pelo menos até este livro, é sempre criado: displicente, como mais um ponto do calendário letivo, a professora dispara que, infelizmente, alguém dali deixará o grupo para sempre.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Por ora, é isso. Volto depois com mais impressões dessa leitura, caso me sinta motivado a tal. Alguém que já tenha lido toda a série tem um predileto entre os livros?</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-56136022341025509042016-01-18T10:20:00.001-03:002016-01-18T10:20:23.643-03:00Aniversário do "Palavra de Literatura"<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IRyvZLmFiec/VpzmViZWwZI/AAAAAAAADQ0/XUtEzKIl5tE/s1600/12501704_986697298091460_1717911714_n%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-IRyvZLmFiec/VpzmViZWwZI/AAAAAAAADQ0/XUtEzKIl5tE/s200/12501704_986697298091460_1717911714_n%25281%2529.jpg" width="196" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O blogueiro voltando ao trabalho, depois de quase um mês de folga.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Estou de volta a Brasília, depois das férias na Paraíba. Ontem o <b>Palavra de Literatura</b> completou um ano de existência. Em 17 de janeiro de 2015, saiu a <a href="http://palavradeliteratura.blogspot.com.br/2015/01/a-guisa-de-apresentacao.html#comments" target="_blank">primeira postagem no blog</a>, dias depois de iniciado o <a href="https://www.instagram.com/palavradeliteratura/" target="_blank">perfil no Instagram</a>. Acabei de reler o primeiro texto publicado aqui e os comentários de primeira hora, muito simpáticos, incentivadores, pelos quais agradeço. Tratava-se de uma espécie de programa de intenções, em que eu divisava o que seria o objetivo do blog.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Passado o primeiro ano, a impressão que tenho é de que o blog desviou-se um tanto do projeto inicial. A ideia primordial de colecionar palavras insólitas encontradas nas leituras ficou em segundo plano, e as publicações assumiram feições de resenha e de diário pessoal. Parte da meta também era fazer registros de meu ano, comprometer-me a escrever, a praticar o gesto de alinhavar momentos e lampejos em palavras escritas. Isso foi obtido em 88 postagens de tamanho e de teor variáveis. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A experiência de acumular textos de autoria própria e retornar a eles sempre me foi muito instrutiva. Ensina sobre o tempo dentro da gente: o que de nós muda e o que permanece. Interessantíssimo também é voltar a algo que se fez e não se reconhecer, surpreender-se com o fato de que aquilo lhe saiu da mente e, no jeito de escrever mais atual, da ponta dos dedos. Vislumbrar o estranho que nos habitou, ou sentir-se um estranho dentro daquele que somos, é, entre outros ensinamentos, uma lição de alteridade, de que o mundo tanto precisa, e eu também.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Em 2016, continuo por aqui. Gostaria de retomar mais postagens com as palavras insólitas, que, como mencionado na inauguração do blog:</span></div>
<br /><blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">expressam situações, sentimentos, conceitos, objetos, colecionar palavras raras é uma maneira de, ao mesmo tempo, coletar e desencavar situações insólitas, sentimentos muliados, conceitos heteróclitos, objetos desvezados. É um jeito de enriquecer nossa experiência do mundo.</span></blockquote>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Por outro lado, como o <b>Palavra de Literatura</b> é muito exercício de liberdade, experimento e lazer para mim, não me preocupo em ater-me demais a amarras. Já sou muito contido na vida real, mais do que aqui, e estou procurando reequilibrar isso lá também. Continuarei a fazer registros, pretendo compartilhar a experiência do Mestrado em Literatura, agora como aluno efetivo, e seguirei com os trechos, com as resenhas e com os diários de leitura dos livros que ler. Aqui e ali, deve aparecer comentário sobre filme.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">No final das contas, escrevo para mim mesmo em primeiro lugar, porque leitores mal aparecem por estas plagas, muito menos que se manifestem. Os que estão aí do outro lado me são muito caros, e eu adoraria receber notícias, seja por comentários, seja por e-mail: palavradeliteratura@hotmail.com.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-50602430188332891642016-01-13T23:05:00.000-03:002016-01-13T23:05:05.470-03:00Livraria do Luiz<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Ontem visitei a Livraria do Luiz, e foi uma redenção. Buscava livros de autores paraibanos, e o melhor lugar para garimpá-los atualmente, na capital do Estado, é lá. O atendimento está diligente, pode-se tomar um espresso São Braz enquanto se folheiam os livros pré-selecionados, e o ambiente parece bem apresentável. Antes ou depois de cavoucar estantes, tem-se a oportunidade de circular pelas calçadas do Centro, de rever as fachadas do Palácio da Redenção, da faculdade de Direito, do Tribunal de Justiça e a mais moderna da Assembleia.</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"> <span style="background-color: white; color: #141823;">Ir lá é também uma forma de homenagear a memória de Augusto dos Anjos, cujo busto preside à entrada da galeria que leva seu nome e abriga a livraria.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vUhi4QjsnXg/Vpatn_u3GGI/AAAAAAAADQk/E2-tkeMqM6Q/s1600/Joa%25CC%2583o_Pessoa_-_Parai%25CC%2581ba_-_Brasil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="212" src="http://3.bp.blogspot.com/-vUhi4QjsnXg/Vpatn_u3GGI/AAAAAAAADQk/E2-tkeMqM6Q/s320/Joa%25CC%2583o_Pessoa_-_Parai%25CC%2581ba_-_Brasil.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Palácio da Redenção e parte da fachada da faculdade de Direito vistos da Praça João Pessoa.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><a name='more'></a>Quando o micróbio bibliófilo se hospedou em meu órgão dos interesses na adolescência, eu costumava ir, com a farda do colégio ensopada e com mochila nas costas, à Livraria do Luiz cascavilhar prateleiras, talento que, modéstia às favas, desenvolvi bem com o tempo. Começou lá. Comprei em Luiz meu primeiro exemplar do "Eu e outras poesias", do paraibano Augusto dos Anjos, e "Seara vermelha", de Jorge Amado. Cruzei muitas vezes com o busto de Augusto dos Anjos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Já universitário e concursado do IBGE, em fins da década de 2000, visitava a Livraria do Luiz na pausa para o almoço, porém era só desgosto. O velho Luiz, que tinha cabelos brancos e andava devagar quando eu ia lá adolescente, já não habitava o local. Os vendedores não conheciam "best-sellers" nem clássicos. Não sabiam digitar corretamente as palavras, quando pesquisavam livros no sistema informatizado da loja. A morte da livraria seria anunciada em qualquer crônica que se escrevesse sobre ela à época.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Encontrei ontem a Livraria do Luiz, felizmente, bem viva. Resiste, como lugar renovado de memória, como foco de convergência cultural, fora de Shopping Center e da orla rica, mas nem sempre culta, da capital paraibana. A livraria dignifica a galeria Augusto dos Anjos e dialoga bem com a história do poeta, um dos mais reeditados, lidos e recitados da literatura brasileira. Augusto dos Anjos, apesar do que representa para a expressão brasileira, dá nome apenas a uma galeria esquecida no centro da cidade, um vão meio escuro e mal limpo com largura insuficiente para o tráfego de um carro. Apesar disso, resiste pela força de sua obra sobre as mentes de seus leitores. Comprei para meu irmão de 14 anos a obra de Augusto dos Anjos na teimosa e admirável Livraria do Luiz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Seguem imagens de livros que comprei ontem lá.</span><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jc5r4hDQnCs/Vpar2unVGLI/AAAAAAAADQQ/gX0Wr33NDsk/s1600/946792_10209029549322438_3228118498703963483_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-jc5r4hDQnCs/Vpar2unVGLI/AAAAAAAADQQ/gX0Wr33NDsk/s200/946792_10209029549322438_3228118498703963483_n.jpg" width="150" /></a><a href="http://4.bp.blogspot.com/-lFXbMRjLQGM/Vpar2Dka-0I/AAAAAAAADP8/KLR0kGVBLdw/s1600/1510874_10209029549562444_8759790970107851167_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-lFXbMRjLQGM/Vpar2Dka-0I/AAAAAAAADP8/KLR0kGVBLdw/s200/1510874_10209029549562444_8759790970107851167_n.jpg" width="150" /></a><a href="http://2.bp.blogspot.com/-jyHcV0v1ZAQ/Vpar2AyL1cI/AAAAAAAADP4/zPLVe2zGBs4/s1600/1918799_10209029548842426_5254014084562939562_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-jyHcV0v1ZAQ/Vpar2AyL1cI/AAAAAAAADP4/zPLVe2zGBs4/s200/1918799_10209029548842426_5254014084562939562_n.jpg" width="150" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-_QY3GxZ8-QI/Vpar2SYtiNI/AAAAAAAADQE/PFuUOACEBiM/s1600/1924030_10209029549242436_3819219492376977810_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-_QY3GxZ8-QI/Vpar2SYtiNI/AAAAAAAADQE/PFuUOACEBiM/s200/1924030_10209029549242436_3819219492376977810_n.jpg" width="150" /></a><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wABcvS-JZos/Vpar1p_EmsI/AAAAAAAADP0/qsutHLM05m8/s1600/12507240_10209029548962429_5126501997325888824_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-wABcvS-JZos/Vpar1p_EmsI/AAAAAAAADP0/qsutHLM05m8/s200/12507240_10209029548962429_5126501997325888824_n.jpg" width="150" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-59039756380942905522016-01-13T01:36:00.003-03:002016-01-13T01:36:44.865-03:00O beijo de Maria José Limeira<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Senhoras e senhores, continuo de férias na Paraíba, minha terra natal. Ontem, terça-feira, fui ao Centro e fiz uma farra bibliófila. Limpei parte das estantes de meu antigo quarto, onde restaram muitos livros que não era prioridade levar para Brasília, e troquei, no Sebo Cultural, por obras de autores paraibanos. Depois passei na tradicionalíssima Livraria do Luiz, loja de rua, fora de <i>Shopping Center</i>, felizmente revitalizada, aparentemente salva da falência para a qual demonstrava caminhar, e comprei outros livros de autores conterrâneos. Como as produções regionais quase não circulam nas livrarias de Brasília, priorizei essas compras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Adquiri três livros de Maria José Limeira, que era prima legítima de meu avô materno. Aqui na Paraíba, primo legítimo não se contrapõe a bastardo ou ilegítimo, como alguns amigos pensam ao ouvir o termo, de chofre, em Brasília. É o primo-irmão do Rio de Janeiro, o primo básico. Zezé Limeira tem uma obra interessantíssima, de grande qualidade, tanto em prosa quanto em poesia. Ela enfia a faca nas vísceras da gente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Estava aqui, madrugada à solta, folheando o <b>Crônicas do amanhecer</b>, da citada autora, e deparei com um texto sobre o beijo, "Beijar é bom e eu gosto". É um dos muitos textos em prosa poética de Maria José Limeira. Começa assim: "Eu quero agarrar o instante, quando o beijo nos reuniu, e você fala em adeus".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Vocês, que não me leem, guardam a lembrança de algum beijo-síntese? Algum beijo, por exemplo, represado até o último instante contra uma vontade avassaladora de beijar, até que o beijo aconteceu como o rompimento da barragem em Mariana e deixou um rastro de destruição que, segundo as projeções, deve imprimir danos de décadas por onde se alastrou?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">A boa literatura faz isso com a gente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-27082408901495152922016-01-07T13:42:00.001-03:002016-01-07T13:42:26.443-03:00Balanço de 2015: os livros com nota máxima<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Uma vantagem que aplicativos como o Goodreads e o Skoob oferecem a seus usuários leitores, além da interação ao estilo de rede social com outras pessoas, é a possibilidade de organizar e de registrar as leituras, de maneira que o usuário possa refletir sobre elas. Estava vendo há pouco meu balanço de livros lidos em 2015 e pude verificar quantos receberam cinco, quatro, três ou duas estrelas em minha avaliação, por exemplo. Noto que um ou outro mexeu comigo em retrospectiva, passados meses do término da leitura, como não pareceu me mover imediatamente após consumida a última página. Visualizando o conjunto de obras por avaliação dada por mim, ocorreu-me que talvez mudasse o arranjo e melhorasse algumas, ou rebaixasse outras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Quando li <b>Barba ensopada de sangue</b>, em 2014, embora gostasse demais da companhia do narrador criado por Daniel Galera, a ponto de atravessar o livro a goles generosos e sôfregos, não achei que merecesse cinco estrelas. Lembro que considerei <b>Dois irmãos</b>, lido imediatamente antes, mais merecedor dessa avaliação. Tempos depois, sinto muita vontade de voltar ao <b>Barba</b>, uma saudade daquele ritmo, daquelas personagens, da ambiência, do constante sentimento de estranhamento que perpassa todo o livro, mas não sei que relerei o romance de Hatoum que lhe pareceu superior.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Esse exercício de reflexão proporcionado pelo registro e pela avaliação das leituras de um período mostra como a recepção de uma obra ficcional oscila na gente. A partir dessa constatação, pode-se questionar o que determina a variação de percepção. A gente pode ter mudado, depois de um ano, e o que pareciam critérios importantes, ao avaliar o livro logo após lê-lo, esmaece, perde valor. O próprio livro recém-lido tem potencial de mudar a gente no sentido de seus valores e de sua coerência própria, mas a transformação não se dá logo em seguida à leitura: pode reverberar no leitor ainda algum tempo, inclusive imperceptivelmente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Dos 35 livros que li em 2015, atribuí cinco estrelas a 13, os seguintes, sem hierarquia entre eles:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><u>Ficção</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">1. <b>Viva o povo brasileiro</b>, de João Ubaldo Ribeiro</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">2. <b>O evangelho segundo Jesus Cristo</b>, de José Saramago</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">3. <b>Memorial de Aires</b>, de Machado de Assis</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">4. <b>Harry Potter e a pedra filosofal</b>, de J.K. Rowling</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">5. <b>O amanuense Belmiro</b>, de Cyro dos Anjos</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">6. <b>Bartleby, the scrivener</b>, de Herman Melville</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">7. <b>O livro das mil e uma noites, v. 1 - Ramo sírio</b>, traduzido por Mamede Mustafa Jarouche</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><u>Não-ficção</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">1. <b>Jung: o mapa da alma</b>, de Murray Stein</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">2. <b>O Anjo Pornográfico</b>, de Ruy Castro</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">3. <b>História da morte no Ocidente</b>, de Philippe Ariès</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">4. <b>A menina sem estrela</b>, de Nelson Rodrigues</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">5. <b>Teoria das Relações Internacionais</b>, de João Pontes Nogueira e de Nizar Mesari</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">6. <b>18 dias</b>, de Matias Spektor</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-44751407408780692782015-12-31T19:40:00.000-03:002016-01-07T09:17:29.240-03:00Retrospectiva 2015 - Goodreads<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Que ano! O que mais vi, nas últimas semanas, foi gente torcendo pelo encerramento de 2015. A gente está habituado a criar explicações míticas e mágicas para os eventos, especialmente os mais drásticos, que nos ocorrem, e muitas pessoas atribuem ao ano, a seu número, a sua energia, a causa de coisas ruins. Quando se aproxima o fim dessa convenção temporal para organizar nossas vidas, quando vamos começar uma nova translação ao redor do Sol, é comum fazermos balanços, avaliarmos o que se fez, o que faltou, como executamos os planos, e o que foi realizado fora das metas. Aqui para o blog, devo fazer uma série de postagens com balanços e outras com propostas de projetos e de metas para 2016. Começo com a retrospectiva preparada pelo Goodreads, uma rede social em torno de livros na qual tenho um perfil. Também uso o Skoob, mas atualizo mais frequentemente o Goodreads.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-y2dkIR0iKEw/VoWrlRKBEHI/AAAAAAAADPI/2foztKXV3gM/s1600/Captura%2Bde%2BTela%2B2015-12-31%2Ba%25CC%2580s%2B19.20.33.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="361" src="http://2.bp.blogspot.com/-y2dkIR0iKEw/VoWrlRKBEHI/AAAAAAAADPI/2foztKXV3gM/s400/Captura%2Bde%2BTela%2B2015-12-31%2Ba%25CC%2580s%2B19.20.33.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Li 35 livros, cinco a mais do que em 2014, dois além da meta de 33 estabelecida por mim para 2015. Em 2015, foram 1400 páginas a mais do que em 2014. A média de páginas dos livros que li foi de 255, sendo o maior, com 672, <b>Viva o povo brasileiro</b>, talvez o melhor e mais transformador de todos, e o menor, com 64 páginas, <b>Bartleby, the scrivener</b>, uma ótima novela curtinha de Herman Melville, concluído poucas horas atrás. O livro mais popular da lista de 2015 foi, para o espanto de ninguém, <b>Harry Potter e a pedra filosofal</b>, que resenhei <a href="http://palavradeliteratura.blogspot.com.br/search/label/Harry%20Potter%20e%20a%20Pedra%20Filosofal" target="_blank">aqui</a>. O menos popular no Goodreads foi um livro excelente, com reportagens muito bem escritas e pesquisadas, porém com circulação restrita ao Estado da Paraíba e ao Nordeste, o <b>Crimes que abalaram a Paraíba</b>, do jornalista Biu Ramos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-_pYA-Hao2II/VoWtVeuK1oI/AAAAAAAADPU/kTxftpgNSWo/s1600/Captura%2Bde%2BTela%2B2015-12-31%2Ba%25CC%2580s%2B19.20.59.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="http://2.bp.blogspot.com/-_pYA-Hao2II/VoWtVeuK1oI/AAAAAAAADPU/kTxftpgNSWo/s400/Captura%2Bde%2BTela%2B2015-12-31%2Ba%25CC%2580s%2B19.20.59.png" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Minha avaliação média foi 4.1 de 5. Isso pode significar tanto que fui mais generoso em meus julgamentos quanto que escolhi livros mais afeitos a meu gosto. Tendo a achar que a segunda hipótese é a mais correta, porque costumo ser um leitor muito conservador, ao escolher a qual livro dedicarei meu parco tempo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Dos 35 livros que li, o mais bem cotado no Goodreads foi a biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro; de fato, um puta livro, que recomendo com entusiasmo febril. Escrevi sobre ele <a href="http://palavradeliteratura.blogspot.com.br/search/label/O%20anjo%20pornogr%C3%A1fico" target="_blank">aqui</a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Queridas e estimados leitores silentes e anônimos deste blog, espero que 2016 lhes traga muitas oportunidades de aprenderem a ser pessoas melhores e mais aptas à felicidade, como nos proporciona a leitura de um bons livros. É o que quero para mim, é o que desejo a vocês.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-59227860023401425932015-12-16T19:00:00.000-03:002015-12-16T19:00:08.453-03:00"Cangaços", de Graciliano Ramos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/FkXO27lMvhc/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/FkXO27lMvhc?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><b>Cangaços </b>é uma compilação de textos de Graciliano Ramos sobre o fenômeno social e político dos bandoleiros que assolaram de medo e semearam o imaginário da população do sertão nordestino e de todo o Brasil do século XIX até as primeiras décadas do XX. </span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Graciliano distingue dois momentos do cangaço por balizas de origem socioeconômica e de princípios morais dos cangaceiros. Entram no conjunto da obra colunas de jornais e de revistas de cunho opinativo e ensaístico, assim como capítulos de romances do autor alagoano atinentes à temática, como os retirados de <b>Vidas secas</b> e de <b>Caetés</b>. No vídeo que acompanha esta postagem, o segundo do <a href="https://www.youtube.com/channel/UCKB8vSp6f3QDxFPp9baHQ1w/videos" target="_blank">canal</a> criado recentemente no YouTube para o <b>Palavra de Literatura</b>, destaco alguns dos capítulos que mais me chamaram a atenção, como o que trata de uma mulher que assumiu função de mando naquele contexto patriarcal, algo excepcional, além de ler trechos que ilustram o tipo de prosa que se encontrará entre as capas desse volume da editora Record.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-51523453563915261912015-12-12T00:13:00.003-03:002015-12-12T00:13:55.161-03:00"Doidinho", de José Lins do Rego - comentários e leitura de trechos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Acabo de lançar o <a href="https://www.youtube.com/channel/UCKB8vSp6f3QDxFPp9baHQ1w" target="_blank">canal do <b>Palavra de Literatura</b> no YouTube</a>. O primeiro vídeo é sobre <b>Doidinho</b>, de José Lins do Rego, tema da postagem imediatamente anterior a esta. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Espero que curtam! :-)</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/1_SFs2DE0RA/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/1_SFs2DE0RA?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-38607234187553287052015-12-10T02:03:00.001-03:002015-12-10T02:03:35.191-03:00Doidinho, de José Lins do Rego<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://d.gr-assets.com/books/1384957810l/18871169.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://d.gr-assets.com/books/1384957810l/18871169.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Uma das postagens mais visitadas do blog trata do romance <b>Moleque Ricardo</b>, de José Lins do Rego. Do ano passado para cá, decidi ler ou reler, conforme o caso, as obras do ciclo da cana de açúcar, principalmente porque pretendia travar contato com a realidade cultural, social e histórica representada nelas, para subsidiar um projeto de pesquisa pessoal. Para concluir a empreitada, falta a releitura de <b>Fogo morto</b>, considerado a obra-prima do autor. Também incluí, de lambuja, depois de iniciado o miniplano de leituras, as obras do ciclo do cangaço (<b>Cangaceiros</b> e <b>Pedra bonita</b>) e <b>Meus verdes anos</b>, de memórias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Vi, em minha visita corriqueira à loja da Amazon em busca das promoções de e-books do dia, que <b>Doidinho</b>, segundo romance do mencionado ciclo, estava em promoção. Resolvi avisar da oportunidade às leitoras* do blog e aproveitar, para comentar o livro, lido antes de que existisse o <b>Palavra de Literatura</b>.</span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Em <b>Menino de engenho</b> trava-se contato, pela primeira vez, com Carlos de Melo - ou simplesmente Carlinhos -, protagonista de boa parte do ciclo da cana de açúcar. Com o menino órfão de mãe e afastado do pai em circunstâncias traumáticas, o leitor conhece o ambiente que permeará todas as obras dessa sequência literária: a região canavieira da Várzea do Rio Paraíba, que não deve ser confundido com o Rio Paraíba do Sul, da zona cafeeira paulista. Nesse ponto da cronologia do ciclo, a área geográfica onde o Coronel José Paulino, avô de Carlinhos, é autoridade inconteste encontra-se no auge de sua pujança socioeconômica. Carlinhos, no pós-trauma, é acolhido como príncipe-herdeiro em um contexto simultaneamente de poder político, de status social, de estímulos sensoriais abundantes e de experiências afetivas intensas. O ciclo da cana de açúcar é a representação literária da gradativa derrocada desse mundo heroico e mítico até seu desaparecimento.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">O que escrevi antes serviu para explicar o lugar de <b>Doidinho</b> no conjunto em que se insere. Nesse segundo romance do ciclo, Carlinhos é desgarrado de seu mundo de soberania quase absoluta, porque o avô o manda estudar em um colégio interno de Itabaiana, cidade paraibana próxima às terras do Coronel José Paulino. Começa, assim, a socialização da personagem, sua confrontação com o grande outro, sem as garantias nem as regalias existentes no território sobre o qual reinava o avô. Se o trauma de <b>Menino de engenho</b> foi a perda dos pais, mas especialmente da mãe, no caso de <b>Doidinho</b>, a ruptura ocorrida é a tomada de consciência do mundo exterior, do grande outro que desafia Carlinhos, indivíduo em formação, longe das asas protetoras do poder familiar.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">"Iniciava assim o meu curso doloroso contra a ignorância." (p. 23)**</span></blockquote>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Como exímio memorialista, José Lins do Rego reconstitui o ambiente, as rotinas e as relações pessoais em um ambiente escolar da transição entre os séculos XIX e XX no Brasil. As primeiras letras, via de regra, não estavam a cargo do Estado. O colégio interno onde Carlinhos estuda e passa a morar, ainda criança, longe dos seus, não é senão a casa do professor. Não há separação entre as funções escolares e aquelas domésticas, exercidas pela esposa do professor e por seus empregados. Tampouco se verifica uma estratificação por idade: todos recebem instrução na mesma sala, ministrada pelo único professor, que encarna a instituição escolar. Há, por outro lado, alguma diferença social entre os alunos, Carlos de Melo ocupando o extremo abastado, enquanto um seu amigo Coruja, por exemplo, embora seja o mais aplicado e inteligente do grupo, é obrigado a abandonar os estudos por insuficiência financeira do pai.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Na conta das reminiscências e da reconstituição, entram também os dias em que todos iam banhar-se no rio Paraíba; as vergonhas sociais e verdades entreditas, como o fato de a mãe de um dos colegas ser prostituta; a religiosidade a ser incutida com dificuldade nos corações das crianças; as primeiras paixões infantis, torturadas de ciúmes e de insegurança; o retorno ao engenho do avô, o Santa Rosa, com os olhos transfigurados pelo exílio, pelo contato com o resto do mundo, que apequenava a grandeza que antes da primeira partida habitava a percepção do garoto.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">"Setenta meninos de livros na mão olhando para baixo. Mas se o velho pudesse ver dentro de nós, encontraria setenta corações pulando de contentamento. A mulher bonita sacudira ali, aos pés do czar, a bomba de dinamite." (p. 45)</span> </blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">"Parecia que fugíamos de um presídio, pela mão de um avô de conto de fadas. Os pássaros quando fugiam das gaiolas deviam ser assim, com aqueles nossos olhos e aqueles nossos ouvidos abertos aos rumores do mundo. O sol brilhava para a gente com uma vida que não tinha para os outros. Era como se se tratasse de um amigo de quem nos haviam separado à força. E por isto essa alegria em nos ver, em nos tostar as caras amarelecidas nas reclusões." (p. 47)</span></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">"Ainda não era Deus que estava por dentro de mim. Os meus surtos de crença morriam logo: eram pequenos relâmpagos numa escuridão que cada vez mais se fechava. Era como se numa noite escura aparecesse uma luzinha muito distante para iluminar as estradas. A que caminho poderiam levar estes pobres fogos-fátuos?" (p. 53)</span></blockquote>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Narrado em primeira pessoa por Carlinhos, o romance conjuga a reconstituição do ambiente escolar da época e do local com os conflitos psicológicos do protagonista. Com o status já mencionado de príncipe-herdeiro do Coronel Zé Paulino, Carlos carece das qualidades grandiosas que o tornariam um herói, um homem notório pelos atos nobres e corajosos. Suas fraquezas contrastam com a força que lhe é atribuída pelos outros em virtude de ser neto de quem é, e esse conflito é internalizado pela personagem, pesa-lhe nos ombros mentais. Depois de, sob tortura da palmatória, caguetar Coruja, que lhe atendera um pedido contrário às regras da escola, Carlinhos rumina sua fraqueza:</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">"Naquele momento, porém, entrava-me pela alma esta advertência de olhos de abutre, que é o remorso. Conheci naquele fim de tarde a dor que Deus reserva aos que se enojam de suas faltas, a repugnância dos que são obrigados a sentir o mau cheiro de seu próprio vômito." (p. 41)</span> </blockquote>
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">Na formação do protagonista representada em <b>Doidinho</b>, há amplo espaço para críticas à educação religiosa, para a teologia da culpa ínsita ao catolicismo e aos graus distintos com que essa culpa era incorporada e distribuída de acordo com as posições sociais. O catecismo é comparado a ensinar um papagaio a falar. Diz-se que os ricos não se confessavam, porque não se julgavam passíveis dessa submissão. Carlos assume, como membro da classe abastada, um cristianismo interesseiro, que só vem à tona na medida da conveniência, porém submerge em todos os demais momentos.</span><br />
<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: large;">Minha impressão pessoal de <b>Doidinho</b> foi muito positiva. O mundo representado na obra, como mencionei antes, interessava-me por razões específicas, contudo considero, secundando críticos muito mais abalizados do que eu, que José Lins do Rego é mestre, sua prosa é saborosa, tem talento para contar histórias e para evocar as imagens mais significativas. De todos que li do ciclo, está em posição intermediária de preferência. Dei 4 estrelas de 5 possíveis.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-small;">*Este blogueiro, muito politicamente correto e disso convicto, faz generalizações plurais no feminino. Assim como as mulheres não se sentem excluídas do plural dito neutro da língua portuguesa, espera-se que os homens que passem aqui se sintam abrangidos igualmente. Copia isso de Alex de Castro, autor de <b>Outrofobia</b>.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: x-small;">** A edição que li foi a 48.a, de 2012, publicada pela tradicional casa editorial dos romancistas regionalistas, a José Olympio.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9109154903392121015.post-41441929722710303792015-12-03T08:26:00.003-03:002015-12-03T08:26:48.989-03:00Mestrado em Literatura na UnB<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Ontem saiu o resultado final da seleção do Mestrado em Literatura da Universidade de Brasília, e este que vos escreve foi aprovado e ficou muito contentinho. Estou entusiasmado com as possibilidades que isso vai me abrir. Devo conhecer pessoas com interesse semelhante ao meu pelo mundo literário, ganhar densidade teórica em temas relacionados a essa área e disciplinar meus estudos para produzir textos legais, que me permitam dialogar intelectualmente com outros estudiosos. Fazia tempo que eu adiava a realização do desejo de incluir-me no meio acadêmico. Passadas várias etapas da vida que priorizei em detrimento do Mestrado, enfim, chegou o momento. Com isso, o <b>Palavra de Literatura</b> passa a ser também um diário acadêmico. Como o Mestrado é em Literatura, acredito que não fujo ao escopo do blog. :-)</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com3